Cineamazonia Itinerante – 16ª Edição encerra expedição com chave de ouro
Na etapa final da expedição do Cineamazonia Itinerante – 16ª Edição levando cinema e cultura para as populações do Vale do Guaporé, a primeira parada foi realizada no dia 17 de junho no Forte Príncipe da Beira. A comunidade, composta por militares do 1º Pelotão Especial de Fronteira e quilombolas, é também conhecida como Fortaleza do Príncipe da Beira, localizada na margem direita do rio Guaporé. Em posição dominante na fronteira com a Bolívia, esta fortaleza é considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa no Brasil Colonial.
Construído entre 1766 e 1776, nas suas dependências funcionava um Armazém Real, depósito de armas, munições, fardamentos, ferramentas, alimentos, equipamentos náuticos, e tudo o mais necessário ao uso das forças militares da Coroa ou mesmo das suas repartições civis. Foi abandonado com a Proclamação da República e atualmente, como o tombamento junto ao IPHAN, o Forte Príncipe da Beira se encontra com o projeto executivo de restauração pronto e com previsão de inicio das obras para este ano. A comunidade estava em festa já que no dia 20 de junho se comemorou os 244 anos da fundação do conjunto arquitetônico.
Durante o trajeto rumo a última exibição programada para o distrito de Surpresa, a expedição do Cineamazonia Itinerante – 16ª Edição chegou no início da manhã na Terra Indígena do Rio Guaporé – Aldeia Ricardo Franco para conhecer a região. Recepcionados de forma extremamente carinhosa e afetuosa, toda a equipe se encantou com a histórias das etnias que ali vivem, e a coordenação resolveu que a comunidade receberia uma exibição exclusiva na noite de 18 de junho. As cerca de 124 famílias residentes, divididas em 06 aldeias, lotaram o espaço frente ao Guaporé e brindaram a todos com uma apresentação cultural de dança típica antes da exibição dos filmes.
Na Terra Indígena do Rio Guaporé vivem 10 etnias que foram deslocadas para a região na segunda metade dos anos 1960, no processo de expansão da fronteira agrícola no Norte do país. Divididas nas etnias Aruá, Jabuti, Massacâ, Macurape, Tupari, Kugubim, Aricapu, Uromon, Ajuru e Kanoê e atualmente está em curso um projeto de resgate de algumas línguas indígenas, já que algumas delas não possuem mais falantes, tendo se perdido ao longo dos anos.
No dia 19 de junho pela manhã a saída da Aldeia Ricardo Franco, a expedição se deslocou para a Terra Indígena Sagarana, distante poucos quilômetros do distrito de Surpresa com o objetivo de fazer o habitual convite para que a comunidade fosse assistir as exibições do dia 20 no distrito. Igualmente muito bem recebida, a equipe do Cineamazonia Itinerante – 16ª Edição visitou as cerca de 60 famílias que ali vivem, das etnias Jabuti,Woro Nao, Woro Waran Xijein, Woro Mon, Cao Woro Waje, Woro Eo, Woro At, Kanoê, Macurape e Aruá.
Delimitada e povoada a mesma época da Aldeia Ricardo Franco, ambas passaram e passam por um processo de resistência para a manutenção da cultura e tradições ancestrais. Auxiliadas pelo Igreja Católica nos idos dos anos 1960, o então governo deslocou as populações da região do Vale do Guaporé de forma involuntária par a abertura de uma nova fronteira de expansão, retirando populações de seus locais originais e os reunindo nas duas grandes terras indígenas. O processo foi marcado pela não aceitam dos mais velhos, violentamente reprimidos, e por epidemias de sarampo e catapora, que dizimaram grande parte dos que ali chegaram a época. Apenas para se ter ideia, dos cerca de 200 Kanoês deslocados para as duas aldeias, restaram apenas 03 pessoas, ancestrais dos atuais cerca de 20 que restam da etnia.
Na última exibição do Cineamazonia Itinerante – 16ª Edição, o distrito de Surpresa encerrou a programação na noite de 20 de junho, e além da comunidade local, cerca de 150 indígenas vieram de Sagarana para prestigiar a mostra de filmes.
A comunidade é distrito de Guajará-Mirim e está distante da cidade a cerca de 200 Km da sede, na margem direita do rio Mamoré, onde só se chega por barco ou avião. Com cerca de 1.200 habitantes, e pelo isolamento, Surpresa está numa região onde a fauna e flora são ricas e diversificadas. A mistura étnica é característica de Surpresa, e na escola São Judas Tadeu a instituição recebe filhos dos agricultores, ribeirinhos, dos indígenas, dos bolivianos e peruanos. Além dos bolivianos e peruanos, a presença de nordestinos é marcante na formação étnica local.
O Cineamazônia
O Cineamazônia – Festival de Cinema Ambiental surgiu há 16 anos na Amazônia Brasileira, com o objetivo de realizar a junção entre a sétima arte e o meio ambiente, divulgando e promovendo a mensagem pela sustentabilidade, o respeito à natureza e à tradição dos povos que dela dependem. Isso sem esquecer de divulgar, integrar e promover discussões em torno da produção de cinema e vídeos nacionais e internacionais, e a formação de plateia e a consciência sócio ambiental.
O Cineamazônia Itinerante é o único Festival de Cinema Ambiental da Amazônia e o mais antigo ainda em atividade. Cineamazônia é a luz do cinema que une Brasil, África, Cabo Verde, Portugal, Colômbia, Peru e Bolívia. É a Luz do cinema que brilha o perto e o longe, que vai até comunidades isoladas da Amazônia, é o registro da memória em estado bruto. O Cineamazônia não para.
Cineamazônia Itinerante – 16ª edição – tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cidadania, Secretaria Especial da Cultura, Lei de Incentivo à Cultura.
Apoio Cultural: Prefeitura de Cabixi, Prefeitura de Pimenteiras do Oeste e Prefeitura de Costa Marques
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