NAZARÉ RECEBE FESTCINEAMAZONIA ITINERANTE 2010

NAZARÉ RECEBE FESTCINEAMAZONIA ITINERANTE 2010

O barco motor N.S. Aparecida II ancorou no porto de Nazaré do Rio Madeira antes das 9h00 do dia 24 de agosto de 2010, isso após enfrentar a nuvem de fumava que transformava o rio Madeira quase que inviável para a navegação, porém, graças às habilidades do Comandante Ribeiro e do prático Raimundo Lima conseguimos fazer o trecho entre São Carlos e Nazaré em Três Horas e Meia. O café foi servido antes das oito horas e por isso, desembarcamos assim que o comandante Ribeiro concluiu a atracação. A referência (pelo menos a que tínhamos) era o Tim Maia um dos responsáveis pela criação do famoso grupo musical “Minhas Raízes”. Então subimos o barranco, atravessamos a passarela de aproximadamente um quilômetro de extensão, em busca da residência do Tim. Ao chegarmos fomos saudados com carinho pelo músico que logo nos levou até os fundos da casa onde em um “barracão” seu filho Tálison estava envernizando um instrumento de percussão “Carron” feito em Cedro Preto colhido por seu pai no Rio Madeira. “São troncos que a erosão derruba e o rio transporta até nossa ‘porta” explicou Tim Maia. Marcamos uma entrevista para a tarde daquela terça feira, o que não foi possível, porque Tim Maia iria pescar.

Já à noite com a estrutura do Fest Cineamazônia montada em frente à igreja, Jurandir chamou para fazer parte da abertura dos trabalhos, o administrador da localidade Pedrão, Tim Maia os meninos e meninas do Grupo Minhas Raízes presentes e o Silvio Santos, após os discursos de praxe, os filmes começaram a ser exibidos e enquanto os personagens do “cinema” provocavam gargalhadas nos espectadores que eram muitos, procuramos ouvir alguns ícones da culta de Nazaré como foi o caso do contador de histórias e comediante Anauá que nos falou sobre o grupo de teatro “Nas Toras”.

Nas Toras no linguajar beradeiro, é o mesmo que “Na Marra”, só que no caso do grupo de teatro de Nazaré, “Nas Toras” quer dizer na base do improviso. “Os integrantes do nosso grupo têm na mente apenas a história que vai desenvolver durante o espetáculo. Por exemplo: o ator que vai fazer o “Curupira” entre em cena sem ter ensaiado nada e na frente da platéia ele tem que se virar para “fazer” o que o Curupira faz”, explica Nauá informando que conseguiu espaço no Teatro Banzeiros de Porto Velho para duas apresentações num final de semana ainda a ser marcado.

Como disse, Nazaré respira cultura, mas, não vive apenas das músicas dos Meninos de Nazaré e nem apenas das apresentações do grupo “Nas Toras”. O Distrito também é famoso pelo Festival de Melancia que acontece todos os anos. Além disso, a produção agrícola é muito boa graças ao solo fértil.

O grande problema enfrentado pelos moradores de Nazaré é quanto ao escoamento de seus produtos.
Escoando pela Estrada ParqueDurante nossas andanças pelo Distrito de Nazaré fizemos uma paradinha no Posto de Saúde onde encontramos nosso amigo Neto que nos apresentou o senhor Emídio Ferreira Alves de Oliveira. Papo vai, papo vem, perguntei ao seu Emidio qual o grande problema de Nazaré e ele prontamente respondeu que era o meio para o agricultor escoar seus produtos. “Para você fazer idéia, este ano cobraram R$ 1 de frete por Melancia que saia daqui pra Manaus e Porto Velho, é muito caro, um lavrador que embarcar 5 mil melancias tinha que desembolsar R$ 5 Mil se quisesse que seu produto chegasse à capital do Amazonas ou a capital de Rondônia. Emidio lamentou o problema e apontou a solução:

“Se o governo estadual ou até mesmo a prefeitura quiser facilitar a vida de todos nós agricultores de Nazaré, São Carlos e outras localidades vizinhas, é só abrir uma Estrada Parque de Nazaré até a BR 319 que liga Rondônia ao Amazonas.

O que é Estrada Parque, perguntamos e ele nos explicou: Esse projeto de Estrada Parque já existe no governo federal. é quando uma comunidade fica dentro de uma reserva ambiental como é o caso de Nazaré, então o órgão responsável pelo meio ambiente autoriza a abertura de uma estrada dentro da reserva e então coloca um segurança nas duas extremidades da estrada. Só entra quem tiver a autorização do órgão ambiental, assim como só sai quem também tiver a autorização. O segurança da porteira de entrada avisa o segurança da porteira de saída que o seu fulano de tal com o CPF tal, dirigindo o veículo placa tal, está se dirigindo para a localidade com a finalidade de buscar, vamos dizer, uma carga de melancia que será levada para Porto Velho. Essa é a idéia do seu Emidio que alerta, com essa estrada aberta e no caso de Nazaré vai ocupar menos de dez quilômetros em linha reta da reserva, Nazaré vai se transformar num celeiro agrícola de Rondônia.

Sentimos nas explicações do seu Emidio que Nazaré não é apenas a cidade cultural, mas, da agricultura do milho, do arroz, da melancia da mandioca e do pescado. Que venha a Estrada Parque que segundo Emidio terá aproximadamente 15 quilômetros de Nazaré à BR 319 (Porto Velho/Manaus) e salve Nazaré”!

A comunidade de Nazaré, assim como São Carlos e Cuniã, está localizada na margem esquerda de quem navega o rio Madeira de Porto Velho (RO) para Humaitá (AM), estando a cerca de 200 quilômetros de Porto Velho rio Madeira abaixo (jusante). Pode ser acessada em aproximadamente 7 horas de viagem por meio de barcos comerciais (barcos típicos da região Norte) ou 4 horas de voadeira (lancha com motor de 40HP).

Assim como as demais comunidades do Madeira, Nazaré é formada por descendentes de seringueiros nordestinos e de índios que ocupavam a região. A comunidade é hoje sede do Distrito de Porto Velho, contando com um administrador local indicado pelo Prefeito, responsável pela gestão pública de Nazaré e das outras comunidades que pertencem ao Distrito.A comunidade conta com geração e distribuição pública de energia durante todo o dia, sendo que grande parte das casas possuem televisão com recepção via antena parabólica, rádios, DVDs e algumas famílias possuem computadores.

Em Nazaré, surgiu no ano de 2006, por iniciativa de um educador da comunidade, o grupo musical Minhas Raízes, que desenvolve um trabalho de valorização da cultura local. O grupo é formado por adolescentes com aptidão musical que cantam músicas compostas pelos próprios integrantes e tocam instrumentos musicais, estes de produção própria, feitos com matérias da floresta.

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