SURPRESA RECEBE O FESTCINEAMAZONIA
Thiago dos Santos Flores abandonou por alguns momentos o barco Dourado, onde mora com a família. Aos nove anos o que o menino queria era entender o funcionamento da filmadora ali ao lado. Cercando o cineasta Ricardo de Almeida e o auxiliar Christyan Ritse, Thiago absorvia-se ao ver as imagens captadas. Menos de cem metros adiante, a imensa tela branca anunciava o que viria a seguir. O distrito de Surpresa, uma pequena comunidade ribeirinha de Rondônia, receberia a primeira noite da etapa de rio do Festival de Artes Integradas-Festcineamazonia. Era o dia 12 de agosto e a itinerância começara há apenas três dias.
A equipe chegou ao distrito no final da manhã. Enquanto o major Lindoval Leal e a sargento Ana Gonzalez, do Corpo de Bombeiros de Porto Velho, iam a uma escola local dar uma palestra com instruções básicas de primeiros socorros, outro grupo fazia a divulgação do evento noturno. Leal e Ana Gonzalez acompanham o Festcineamazonia.
No início da noite, todos começam a sentir os efeitos da presença intensa de mosquitos, os conhecidos carapanãs. Seria impraticável qualquer ação, não fosse a chegada de uma equipe local de borrifação, já que os mosquitos sequer se intimidam com os repelentes que lambuzam os corpos.
Em maioria o público é formado por crianças. Muitas vêm da comunidade Sagarana, uma aldeia dos índios Uruari. Com 62 famílias, a comunidade fica distante apenas 15 km de Surpresa. Na programação da noite, o cardápio é o mesmo dos dias anteriores. O cantor Bado faz a abertura, seguido pelo poeta português José Luís Peixoto. Para homenagear a grande quantidade de crianças, Bado cantou uma música infantil, chamada ‘Passarada’, que não estava originalmente no repertório programado por ele para a noite.
O maior sucesso da noite, no entanto, é o palhaço argentino Martinez que, ao final, foi cercado por uma dezena de crianças e adolescentes que querem uma fotografia ou simplesmente um abraço de Martinez.
A família do índio Maxin subiu na garupa da moto e se apertou para acompanhar a programação. A mãe Regina olhava sorridente para os filhos Michele, de seis anos e Walison, de três anos. Os dois queriam ver a atração circense.
A expectativa na noite era a exibição do curta de ficção ‘O homem que matou Deus’. Produção francesa do diretor Noé e filmada no distrito de Surpresa e na aldeia dos Sagarana, o filme inseriu atores índios e moradores da comunidade como figurantes. A assistência de direção também foi local. “Foi uma boa experiência, mas ainda precisamos de mais apoio para filmar, mas sei que é uma porta que se abre”, disse Celso Suruéu, 21 anos, o assistente de direção. “O homem que matou Deus” foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Além de ‘O homem que matou Deus’, ainda houve a exibição de curtas como a animação nordestina ‘Vida Maria’ e o paraense ‘Matinta’.
O Festival de Artes Integradas – Festcineamazônia Itinerante 2013 tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal através da Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, apoio cultural da Santo Antônio Energia e Parceria Institucional da Fundação Banco do Brasil.
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