FESTCINEAMAZÔNIA CHEGA NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE PEDRAS NEGRAS
Rio Guaporé em Rondônia une o Brasil e Bolívia
Por Sérgio Carvalho Foto de Eder Medeiros
Pedras Negras é uma comunidade quilombola a qual, como a boliviana Versalles, está trabalhando com o turismo de pesca. Logo na chegada, ao lado do porto, uma pousada para pescadores, rústica, mas que parece ser confortável. Existe uma pista de voo que atende, principalmente, aos turistas sedentos de aventuras, tucunarés e pintados amazônicos, os surubins. Já que a única maneira de chegar ao lugar é de barco ou avião.
O turismo, se bem planejado, pode ser uma alternativa, de fato, interessante para estas comunidades. Desde que seja com foco no meio ambiente, sustentável e responsável. O poder público tem obrigação de potencializar e preparar as comunidades para receber pessoas de fora. Não é somente circular mais dinheiro entre estes povos, porém, pensar estratégias de fortalecer as próprias comunidades no que tem de mais valioso, sua cultura, seu modo de viver.
A maior atração é a pesca. Aumentando o número de visitantes, ainda não calculou-se os impactos para a fauna do Guaporé, assim como não se tem um controle maior da coleta de quelônios e da caça de maneira geral. Não se tem estratégias definidas, todos com quem conversei dizem que os impactos não são violentos, pois, em geral, soltam-se os peixes menores.
Porém, além da pesca, deveria pensar como potencializar as diversas outras possibilidades de atrações, como a própria cultura destas comunidades, suas histórias e festas tradicionais, o turismo de observação da natureza, caminhadas na mata, entre outras. O turismo pode ser uma maneira concreta para a preservação do Guaporé. Ninguém vai querer visitar uma área devastada ou pescar em um rio sem peixes.
Um turismo de massa, desenfreado, desconectado com o local e seu meio ambiente, será, sem sombra de dúvidas, danoso. Tanto do ponto de vista ambiental quanto para as comunidades. Este sim, deve ser evitado e, para isso, necessita-se capacitação e política pública.
Uma grande e frondosa mangueira, cercada de bancos artesanais, nos fundos da igreja, é o ponto de encontro da comunidade. Os quilombolas batizaram o local de “Recanto da Conversa”. Como contou o professor do local, André Lima: “Aqui é aonde tudo começa e aonde tudo termina. Namoros e casamentos começam aqui e, muitas vezes, terminam aqui. Nossa mangueira é o coração de Pedras Negras.”
Foi ali, na praça da mangueira que ergueu-se a estrutura do Festcineamazônia, com o seu telão de 6x3m. A apresentação de Rodolfo Minari naquela noite foi especial: cantou suas músicas inspiradas na cultura negra. Um público de aproximadamente 100 pessoas acompanhou emocionado, quase todos negros ou mulatos. Via-se alguns com traços bolivianos ou indígenas.
O Festcineamazônia Itinerante tem o patrocínio do BNDES, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual Lei Rouanet, apoio cultural da Fundação Saramago e Iphan. Parceiros de Mídia Rádio Parecis FM e Canal Brasil. O Festcineamazônia é membro do Green Film Network e Fórum dos Festivais.
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