Guayaramerín lota exibição do Cineamazônia Itinerante na cidade
A noite da sexta-feira (25) foi especial para o Cineamazônia Itinerante: o projeto fez sua atividade na cidade boliviana de Guayaramerín, que faz fronteira com Guajará-Mirim, separadas apenas pelo Rio Guaporé.
Também pela primeira vez foi exibido um longa metragem em nove anos de Cineamazônia Itinerante, que prioriza sempre as produções de curta metragem. O boliviano Boqueirón, com duas horas de duração, conta a história de 462 soldados que lutaram pela retomada territorial do Forte Boquerón, contra 14 mil soldados paraguaios, no ano de 1932. A direção do filme é de Tonchy Antezana, que demorou cerca de dois anos e meio para ficar pronto e teve cenas rodadas em La Paz, Cochabamba, Oruro e no próprio Forte Boquerón, no Paraguai.
Outro destaque ficou para a presença de dezenas de marinheiros da Armada boliviana (Marinha) e de soldados do Exército local, que foram conhecer um pouco da história recente do país. “O cinema é um milagre. Sempre digo isso porquê fazer cinema na América do Sul necessita de muito esforço e luta. Mas é importante para mostrar quem somos e nossa história”, afirmou o fundador e coordenador do Cinemazônia, José Jurandir da Costa, durante rápido discurso aos espectadores no espaço ao ar livre no Palácio das Artes de Guayaramerín.
Após a exibição do longa metragem Boquerón, mais uma vez, o palhaço Cloro arrancou gargalhadas e aplausos de adultos e crianças. Ainda mais com a participação especial de um cachorro como assistente, e às vezes, assustou o artista com latidos.
Cinema boliviano
O Cineamazônia bateu um papo com o segundo operador de câmera do filme Boquerón, Horst Arturo Brun Ríos, que representou o diretor Tonchy Antezana na exibição especial feita no Palácio das Artes de Guayaramerín. Horst comentou como está o cinema boliviano na atualidade. “Ultimamente, rodamos filmes em La Paz [Capital], Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba, por exemplo. Não há uma cidade específica para o cinema, como Hollywood, por exemplo. Isso é bom, pois espalha o cinema por todo o país”, afirmou ele.
Horst também atuou como diretor de fotografia e produtor em outros filmes, além de ter uma empresa especializada em comunicação corporativa. Segundo ele, há uma batalha intensa com o Governo Boliviano para que haja mudanças na lei que incentive mais a produção cinematográfica e cultural no país. “Temos uma lei de incentivo ao cinema, mas que é obsoleta. As associações dos diretores e produtores querem uma nova lei que incentive o pagamento de impostos direcionados para a área. Hoje, pegamos dinheiro do governo, mas é como se fosse um empréstimo, já que temos que devolver ao final. Só que sentimos que há uma resistência muito grande já que o cinema faz as pessoas pensarem, contestarem o que está acontecendo. Nosso filme mesmo foi feito com recursos próprios e saiu com baixo custo. Por isso, que demorou tanto tempo para ficar pronto, cerca de dois anos e meio”, apontou Ríos.
A atividade do Cineamazônia Itinerante contou com o apoio do Palácio das Artes de Guayaramerín e da Universidade Autônoma do Beni.
Mais Cineamazônia
O Cineamazônia Itinerante continua a segunda etapa do projeto, com a exibição de filmes e apresentações circenses com o palhaço Cloro em 16 localidades no Vale do Mamoré e ao longo do Rio Guaporé até o dia 12 de setembro, quando encerrará suas atividades em Cabixi, no cone Sul do estado.
A equipe do Cineamazônia irá até comunidades ribeirinhas e quilombolas, reservas extrativistas, tanto do lado brasileiro como do lado boliviano. As primeiras apresentações serão feitas na estrada, como ocorreu na primeira etapa da itinerância.
Depois de Guajará-Mirim, o caminho ainda será por terra, neste sábado (25), com o distrito do Iata abrigando o quarto dia de programação, na praça em frente a escola Gaspar Dutra.
Serão alternados municípios e localidades rondonienses e bolivianas. San Lorenzo na segunda-feira (28) e Surpresa na terça (29) serão as primeiras localidades a receberem o projeto após a passagem por terra.
A 15ª edição do Cineamazônia tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual e da Lei Rouanet. Ainda tem o apoio cultural da Sejucel, Funcultural, Fecomércio e SESC Rondônia. O Cineamazônia é associado ao Fórum dos Festivais e membro do Green Film Network.
Texto: Felipe Corona
Fotos: Beethoven Delano.
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