Cineamazônia fecha o segundo dia de festival com música e emoção
Apresentação surpresa de Simone Mazzer e emoção com produção local marcaram a apresentação desta quarta-feira
A voz poderosa de Simone Mazzer deu o tom da segunda noite da 15ª edição do Festival Cineamazônia. Com o hit “Tango do mal”, a Mestre de Cerimônias surpreendeu de maneira surpreendente o público que mais uma vez compareceu em peso no teatro do Sesc Esplanada. O resultado foram aplausos efusivos e elogios à performance da atriz e cantora. E a noite estava apenas começando.
Em seu discurso de abertura, Mazzer destacou o caráter democrático do festival, que recebeu representantes de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, além de outros 17 países. “A arte só faz sentido se for universal”, frisou ela.
Esbanjando carisma, a mestre de cerimônias distribuiu sorrisos, mas não deixou de se posicionar politicamente. Ao convidar os participantes a votarem no prêmio Thiago de Mello — Júri Popular, ela instigou o público “Votem, gente. Vocês podem votar, não é maravilhoso isso?”, provocou Mazzer, fazendo uma alusão com a atual situação política no Brasil.
A sessão dos filmes já começou com muita emoção. O curta-metragem “Balanceia”, roteirizado e dirigido por Juraci Júnior, arrancou muitos aplausos da plateia e lágrimas do ator, que se emocionou ao ver o resultado exibido no cinema. “Balanceia é o meu primeiro trabalho como diretor e roteirista e é um trabalho peculiar, que mostra o olhar com a cultura do outro. Vejo esse contato como algo muito bonito e ver como as pessoas ficariam emocionadas, me fez sentir que estou no caminho certo”, diz Júnior, que teve ajuda de Tarcísio Puiti, no roteiro, e dividiu a direção com Thiago Oliveira.
Em seguida, a animação “O Violeiro Fantasma”, de Wesley Rodrigues, levou os espectadores à uma viagem lisérgica pela cultura nordestina. Em seguida a produção experimental de Porto Velho, “Banho de cavalo”, de Michele Saraiva e Francis Madson, também instigou a plateia.
“Estacionamento”, de William Biagioli, trouxe à tona a dificuldade de um imigrante haitiano no Brasil em desenvolver um sentimento de pertencimento, explorando seus medos e paranoias com raízes nas memórias das tragédias de sua terra natal. A animação “Sviaz”, fechou a sessão de curtas-metragens, com uma livre adaptação da obra do escritor russo, Daniil Kharms.
No final da noite, foi a vez do longa “Contagem Regressiva”, de Luis Carlos Alencar. O documentário aborda os impactos sociais dos megaeventos no Rio de Janeiro, principalmente as Olimpíadas, sob a perspectiva da população periférica da capital carioca. Para o diretor, a mensagem do filme é que o principal, e talvez único, legado das Olimpíadas para essa população é o da luta contra os poderes opressivos do Estado e do grande capital.
“Costumo dizer que para as comunidades nunca houve uma falência institucional do Estado, porque o Estado só chega através da polícia e da militarização e nesse sentido, não houve falência. Ao contrário, os megaeventos aumentaram essa opressão militar que vivemos”, enfatizou.
A coordenadora técnica do audiovisual do SESC, Betânia Avelar, elogiou a seleção diversificada dos filmes. Segundo ela, a valorização das produções locais é muito significativa, porque são percebidas e valorizadas pelo público. “O bom do cinema é que a gente possibilita viajar e discutir outras realidades, que podem não parecer tão próximas, mas que possuem muito mais semelhança do que a gente pensa”, ressalta Betânia.
A 15ª edição do Cineamazônia tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual e da Lei Rouanet. Ainda tem o apoio cultural da Sejucel, Funcultural, Fecomércio e SESC Rondônia. O Cineamazônia é associado ao Fórum dos Festivais e membro do Green Film Network.
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