Tom político e social marca abertura do Cineamazônia 2016
Festival rondoniense lembra aumento da violência agrária no estado em homenagem a liderança comunitária assassinada por pistoleiros
A noite de abertura da edição 2016 do Cineamazônia manteve a tradição do festival de ser um momento para uma reflexão sobre o momento político social do Brasil e do mundo. Ao pedir um minuto de silêncio para Nilce de Souza Magalhães, liderança comunitária assassinada que lutava contra o impacto das barragens das hidrelétricas em Rondônia, o ator Marcos Winter, mestre de cerimônias do festival, lembrou que o estado tem sido palco das mais violentas ações contra lideranças rurais no país.
“Só esse ano já foram assassinadas 27 pessoas em conflitos agrários”, disse Winter no cerimonial, comparando também três Marias ameaçadas de morte em assentamentos rurais em Rondônia, com a Praça das Três Marias, cartão postal da capital rondoniense, Porto Velho.
“Não é a toa que a anistia internacional classificou como ‘epidemia de homicídios’ os dados sobre violência no campo no brasil nesses dois últimos anos”, destacou o cerimonialista, enfatizando que pelo menos 22 pessoas estão ameaçadas de morte no estado por conta da luta pelo direito à terra e à água.
A reflexão política também foi feita na abertura do festival quando Winter destacou o cenário de intolerâncias político e religiosas espalhadas pelo mundo que está, segundo o ator, ‘cinzento, sem cores’. Winter citou ainda pensadores humanistas como o português Boaventura de Sousa Santos e o norte-americano Noam Chomsky, para enfatizar os ‘tempos estranhos e sombrios que o mundo vive nos dias de hoje’.
A abertura do festival ocorreu no Teatro Banzeiros, no centro de Porto Velho. Muita gente precisou ficar de pé, já que a lotação esgotou. A intensa participação do público chegou a surpreender a representante do BNDES, Renata Riski. “Há sete anos patrocinamos o Cineamazônia e percebemos cada vez mais a importância que o festival tem como disseminador da cultura. E isso tem tudo a ver com a nossa filosofia”, enfatizou.
No primeiro dia não foram exibidos filmes da mostra competitiva, o que só ocorrerá hoje. O encerramento da programação foi feito com a exibição do longa-metragem de ficção ‘Rondon, o desbravador’, produção sobre o Marechal Rondon. Winter e a fotógrafa Luz Guerra participaram do filme e para ambos a exibição seria especial. “É a primeira vez que iremos ver o filme depois de pronto. Justo aqui, no estado cujo nome homenageia Rondon”, disse Winter.
A partir de hoje a programação do festival se intensifica, com o inicio das oficinas ‘Cinema na escola: ver e fazer’, com a jornalista e fotógrafa Bete Bullara e ‘Cinema de uma Pessoa Só’, com o cineasta Gustavo Spolidoro
Além disso serão exibidos os primeiros filmes da mostra competitiva. ‘Augusto’, ficção rondoniense de Pedro Pereira; ‘O Mal’, animação paranaense de Carlon Hardt; ‘Catatumbari’, filme venezuelano de Oriana Contreas e ‘Martírio’, longa documentário de Vincent Carelli, encerram a primeira noite competitiva do festival.
Cineamazonia, 14a EDIÇÃO, tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, Lei Rouanet. Apoio Cultural da Prefeitura de Porto Velho, Sejucel e Unir – Universidade Federal de Rondônia.
Veja na galeria abaixo, mais fotos sobre o primeiro dia do Festival Cineamazônia.
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