Cineamazônia Itinerante passa por Santo Antônio e Versalles
Depois de 18 horas de viagem, saindo de Costa Marques, o Cineamazônia Itinerante chegou até o Quilombo de Santo Antônio, onde exibiu filmes curta metragens e aconteceu a apresentação do palhaço Cloro para dezenas de pessoas, na noite do domingo (03), em frente ao espaço comunitário.
O presidente da associação da localidade, Juraci Nogueira, conhece há anos a luta do Cineamazônia para levar cinema, cultura e arte para as regiões mais distantes da Amazônia. “Conheço a Fernanda e o Jurandir desde 2004 e sei muito bem o quanto é difícil trabalhar em nossa região. Vocês são guerreiros em levar esse projeto adiante, mesmo com tantas dificuldades. Somos muito privilegiados em receber todos os anos esse projeto aqui em Santo Antônio. Quanto a gente fala com vocês, já ficamos na expectativa, pois a cada ano só melhora”, disse ele.
O senhor Armando Evangelista, de 61 anos, um dos moradores mais antigos do Quilombo de Santo Antônio, teve o depoimento exibido no projeto Museus Vivos, do Cineamazônia Itinerante e ficou feliz com a iniciativa. “Foi uma noite muito especial para mim e toda a comunidade. É sempre bom a gente contar um pouco da nossa história para que todos conheçam. A criançada e os adultos se divertiram muito com os filmes e o palhaço. Dei muitas risadas”.
Para Fernanda Kopanakis, coordenadora do Cineamazônia, é sempre um grande prazer ir até o Quilombo de Santo Antônio, mesmo com as dificuldades de navegação no Rio Guaporé. “Mesmo estando distantes fisicamente e geograficamente, é incrível estar com vocês todos os anos. Nunca navegamos no Guaporé no mês de setembro, mas o rio está seco e a fumaça dificulta muito o nosso deslocamento. É lamentável, pois prova que as fazendas de gado e soja estão cada vez mais imprensando quem mora na beira do rio. Mas, também é de se destacar a bravura de vocês, que resistem aqui. Algumas pessoas foram embora, mas acabam voltando para cá. Fico muito feliz quando isso acontece”.
Versalles
Na segunda-feira, dia 04, foi a vez do pequeno vilarejo boliviano de Versalles receber o barco Canuto, que transporta o Cineamazônia Itinerante pelas águas do Rio Guaporé.
Um pouco antes disso, a embarcação encalhou em um banco de areia no começo da tarde do mesmo dia, onde foi necessária a ajuda de todos os homens da equipe do projeto e da tripulação para retirá-lo do local. A operação demorou quase uma hora para ser concluída.
Dezenas de crianças e adultos se reuniram em frente a igrejinha da localidade para assistir vários filmes curta metragens brasileiros e estrangeiros, além do espetáculo do palhaço Cloro. Também foi exibida a entrevista da senhora Zulema Guzmán, pelo projeto Museus Vivos do Cineamazônia Itinerante.
O momento foi especial para a prefeita da cidade, Brisna López, primeira mulher a assumir esse cargo em Versalles. Ela está há apenas sete meses nesta função. “Há algum tempo acompanho o Cineamazônia todas as vezes que vem a nossa cidade. Fico feliz que sempre somos lembrados nas passagens de vocês pelo Rio Guaporé. Das outras vezes, era moradora. Agora, sou prefeita da cidade. É um momento especial, onde as pessoas analisam meu trabalho com tranquilidade e têm me ajudado muito nessa função, que pela primeira vez é ocupada por uma mulher. Serão cinco anos de muita luta por toda a população daqui”, afirmou Brisna.
Mais Cineamazônia
O Cineamazônia Itinerante continua a segunda etapa do projeto, com a exibição de filmes e apresentações circenses com o palhaço Cloro por mais sete localidades no Vale do Mamoré e ao longo do Rio Guaporé até o dia 12 de setembro, quando encerrará suas atividades em Cabixi, no cone Sul do estado.
A equipe do Cineamazônia irá até comunidades ribeirinhas e quilombolas, reservas extrativistas, tanto do lado brasileiro como do lado boliviano. As primeiras apresentações foram feitas na estrada, como ocorreu na primeira etapa da itinerância.
Serão alternados municípios e localidades rondonienses e bolivianas. As próximas localidades e cidades que estão previstas são: Quilombo de Pedras Negras, Mateguá, Porto Rolim, Cafetal, Remanso, Pimenteiras, e por fim, Cabixi.
A 15ª edição do Cineamazônia tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual e da Lei Rouanet. Ainda tem o apoio cultural da Sejucel, Funcultural, Fecomércio e SESC Rondônia. O Cineamazônia é associado ao Fórum dos Festivais e membro do Green Film Network.
Texto: Felipe Corona
Fotos: Beethoven Delano/Raíssa Dourado.
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