Cineamazônia levanta bandeira contra intolerância, censura e violência

O público atendeu o chamado e lotou as dezenas de poltronas do Teatro 1, do SESC Esplanada, para a abertura do Cineamazônia, que ocorreu na noite da terça-feira (17). A responsabilidade de conduzir a cerimônia ficou a cargo da atriz e cantora Simone Mazzer.

Na oportunidade, ela leu um texto onde o Cineamazônia levantou a bandeira contra a censura, o obscurantismo, a violência, a intolerância e o fundamentalismo. “O que tem nos sufocado nos últimos tempos é a escalada cada vez maior de um tipo de névoa opressora. Vozes estridentes vindo dos mais profundos e tenebrosos recônditos tentando calar outras vozes. A censura, o obscurantismo, a violência, a intolerância e o fundamentalismo têm caminhado de mãos dadas, forjando um elo que parece ainda não ter nos despertado suficientemente para o risco que corremos”.

Outro ponto levantado ao público é a verdadeira arena sangrenta que virou as redes sociais, que deveriam unir as pessoas, e não, separá-las. “Nas redes sociais, que deveriam servir para um estreitamento de nossa condição humana, o que se nota é uma selvageria digna de nos fazer pensar que a raça humana está fadada ao fracasso total. Em algum lugar nos perdemos. É a sensação que muitas vezes temos ao ler e ver tanta coisa má, mesquinha, egoísta, cruel e desumana”, falou Mazzer.

A mestre de cerimônias foi além e destacou o papel do Cineamazônia diante de tantas dificuldades, onde chegou aos 15 anos mais forte do que nunca, apesar das tentativas de o calarem. “Nós estamos sufocando, mas queremos gritar. O Cineamazônia nunca se calou diante de tudo o que parece querer destruir esperança, sonhos, fé, cultura e arte. O festival completa 15 anos em um 2017 tenso, dolorido e estranho. Nunca se curvou aos ventos que anunciam tempestades de ignorância, desprezo pela humanidade ou atentados civilizatórios”.

Discursos

O superintendente estadual de Cultura, Rodnei Paes, parabenizou o Cineamazônia por mais uma edição. “Ficamos muito felizes em apoiar uma iniciativa tão importante como esse festival, reconhecido em todo o país. Começamos com uma parceria tímida, nos dois primeiros anos, mas que agora, se tornou maior e mais forte. Esperamos caminhar assim por muito tempo”, disse ele.

A representante do SESC Rondônia, parceiro que abriga a Mostra Competitiva até o próximo sábado, dia 21, revelou satisfação por abrigar novamente o Cineamazônia no Teatro 1. “Esse festival feito aqui, mostra o quanto temos uma diversidade bonita, que merece ser mostrada para todo o mundo. Não é à toa que o SESC Rondônia, por meio do nosso presidente, apoia incondicionalmente o Cineamazônia”.

Para o vice-governador do Estado, Daniel Pereira, o Cineamazônia é uma oportunidade de mostrar as coisas boas que a região tem a mostrar para todo o Brasil. “Nosso rios, como o Madeira e o Jamari são lindos. Não creio que tenha algo igual no mundo. Muita gente confunde nosso estado com Roraima, apesar de achar um estado incrível. Mas, Rondônia tem muitas coisas boas e lindas para serem mostradas ao país e ao mundo. Para mim, quem nos confunde, é por pura ignorância e desconhecimento geográfico, pois nós temos o nosso valor”.

Fernanda Kopanakis, coordenadora e produtora executiva do Cineamazônia, destacou o papel do estímulo à produção audiovisual no país, que levou estados que não tinham tradição na produção de conteúdo a inscrever filmes no festival. “Nós falávamos há pouco da produção de telefones celulares. Para quem não sabe, uma pequena porcentagem da produção desses aparelhos é voltado para o investimento público no audiovisual. Então, é uma política de governo antiga. Não começou nesse ano e nem deve acabar agora. Isso é muito importante para estimular a criatividade e a produção de conteúdo em nosso país. Um desses exemplos é Goiás, que não tinha essa tradição, e hoje conta com leis de incentivo muito interessantes para que produz cinema. Inclusive houve muitos filmes inscritos desse estado no festival”.

Por fim, o fundador do Cineamazônia e coordenador, José Jurandir da Costa, destacou o sucesso e a qualidade dos filmes inscritos para concorrer a Mostra Competitiva. “Eu classifico como milagre fazer cinema no Brasil. Mesmo assim, tivemos 452 filmes inscritos de 24 estados e do Distrito Federal, além de 17 países estrangeiros. Nessa semana, teremos a oportunidade de assistir 39 filmes, sendo 31 curta, dois média e seis longas metragens. Um deles é abre nossa mostra, que é o Dedo na Ferida, do grande diretor Silvio Tendler”.

Programação

Na quinta-feira (19), às 19h30, será realizada a atividade Cinema e Música, na Escola de Música Jorge Andrade, com exibição do filme convidado “Na Batucada da Vida”, sobre a vida e obra de Chico Batera, que contará com a presença do próprio músico. Após a exibição será a vez do grupo musical Trio do Norte fazer uma apresentação.

Na sexta-feira (20), das 8h às 11h30, é a vez do debate “É de poesia que o mundo precisa”, com os escritores José Inácio Vieira de Melo, Ronaldo Correia de Brito e Rubens Vaz Cavalcante, e mediação de Marcos Aurélio Marques. No mesmo dia, mas na parte da noite a partir das 19h30, ocorrerá a homenagem à antropóloga Betty Mindlin.

A 15ª edição do Cineamazônia tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual e da Lei Rouanet. Ainda tem o apoio cultural da Sejucel, Funcultural, Fecomércio e SESC Rondônia. O Cineamazônia é associado ao Fórum dos Festivais e membro do Green Film Network.

Texto: Felipe Corona.

Fotos: Beethoven Delano.

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