O PERFIL DE UMA PALHAÇA
Desajeitada, fora de forma, carregando uma mala de chita e usando um maiô azul com estrelinhas brancas, desbocada, atrevida, estabanada, e tantos outros adjetivos, poderiam ser sinônimos da palhaça Teteia, personagem da atriz Suely Rodrigues, que acompanhou o FESTCINEAMAZONIA ITINERANTE 2015, pelos distritos de Porto Velho.
Jacy-Paraná, Fortaleza do Abunã, Nova Califórnia, Extrema e tantos outras localidades, após as exibições dos filmes, recebeu a apresentação da palhaça Teteia, que emocionou o público. De fato, circo e cinema, em perfeita harmonia.
Enquanto se arrumava para o seu último espetáculo durante a itinerancia, em um quarto de hotel em Jacy-Paraná, o seu camarim improvisado, com fitas coloridas, maquiagem, cores, maletas e brilhos, a atriz contou um pouco de sua trajetória e o que significa para ela ser Palhaça.
Desde criança, em sua cidade natal, Garanhuns, em Pernambuco, Suely Rodrigues já divertia a família com seus números engraçados, envolvendo todos os primos em apresentações improvisadas durante jantares de feriado na casa dos avós. “Dizem que tem palhaço que são bastante tristes, porém conseguem passar alegria. Mas eu sou alegre desde pequena, desde criança. A palhaça da família. Eu acho que é um dom mesmo. Às vezes, fazer chorar é mais fácil que fazer rir”, explicou Rodrigues.
A sua mãe, professora, apesar de não incentivar a carreira de atriz que a filha pretendia seguir, uma vez que não considerava o teatro como atividade financeiramente promissora, foi uma de suas maiores influências. Na escola, a mãe escreveu um pequeno esquete para os alunos e os dirigiu. O texto foi usado depois por Suely em suas montagens juvenis “Desde criança eu fazia arte, cobrando ingresso. A vizinhança toda participava. Montei o texto de minha mãe, que era muito engraçado”, completa a palhaça.
Sobre sua experiência no FESTCINEAMAZONIA, Suely Rodrigues explica: “O circo nasceu na rua. O palhaço surgiu nas ruas. Nas feiras, nas praças. Quando o cinema volta para as ruas, é um retorno às origens dos circos, que é uma das maiores manifestações populares. Assim, circo e cinema juntos é uma forma de trazer o povo da cidade para o espetáculo, sabendo que tem cinema e tem palhaço, o povo quer estar junto. Participar do jogo, brincar. Populariza-se o cinema, que ainda não atingiu, realmente, a massa”
Suely Rodrigues espera ver o dia em que os palhaços sejam mais valorizados, não só como um complemento. “As pessoas não veem o palhaço como um profissional, mas sempre como parte de outra coisa, uma animação, para chamar atenção de algo. Raros são os shows só de palhaço. Eu acredito que o FESTCINEAMAZONIA está de parabéns, pela inclusão verdadeira do circo neste projeto. As pessoas se identificam de verdade”.
Conta, ainda, que já até pensou em desistir de ser palhaça, mas não consegue. Pois, está em sua alma, no seu corpo. “Gratificante demais quando acaba e a s crianças emocionadas nos envolve. É mágico. Não consigo expressar, quando estou de palhaça, cercada de alegria, eu sou palhaça. Ser palhaço é você se despojar da própria alma, da própria alegria. Fazendo com que as pessoas percebam, sintam todas as coisas boas que você quer passar”, conclui, ao terminar de se vestir para mais uma apresentação.
O Festcineamazônia Itinerante 2015 tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura,Secretaria do Audiovisual, Lei Rouanet, apoio cultural da Prefeitura de Porto Velho, através da Funcultural, Fundaçao Cultural de Porto Velho, Sema, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Semed, Secretaria Municipal de Educação, Semusb, Secretaria Municipal de Serviços Básicos e IPHAN. O Festcineamazonia é membro do Greenfilm Network e do Fórum dos Festivais.
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